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segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Endometriose

DEFINIÇÃO



Para definir endometriose, inicialmente é necessário entender o que é o endométrio, palavra da qual deriva o nome da doença. Endométrio é a parte mais interna do útero, responsável por abrigar o óvulo fecundado, ou seja, é o “ninho” do novo ser. Quando a mulher não engravida esse tecido de revestimento é eliminado na menstruação. À presença do endométrio fora de sua localização habitual, fora do útero, dá-se o nome de endometriose. Sendo ele da mesma constituição que o endométrio normal, seu desenvolvimento se faz pelos mesmos mecanismos que o primeiro, ou seja, ele cresce a partir de estímulos hormonais (estrogênicos) originados nos ovários. Esses estímulos se iniciam a cada novo ciclo. Assim sendo, a cada menstruação também haverá sangramento onde existe endométrio, ou seja, isto também acontecerá onde houver focos endometrióticos.

Como esta localização anômala de tecido é aparentemente aleatória, vários são os órgãos que podem abrigá-lo, sendo os pélvicos os mais acometidos. Desta forma, pode-se encontrar endometriose nos ovários, na parte externa e parede do útero (doença chamada de adenomiose), nas tubas (antigamente denominadas trompas) uterinas, bexiga e no revestimento interno de todo o abdômen (peritônio). Mas ainda há outros locais onde este tecido pode ser encontrado como a parede abdominal, diafragma, pulmões, trato urinário, intestino delgado, reto e outros menos freqüentes.

Por outro lado, nada disso aconteceria caso o sistema imunológico destas mulheres trabalhasse da mesma maneira que trabalham os das mulheres que não são portadoras da doença. Normalmente a presença das células endometriais fora de lugar faz com que haja uma reação do sistema imunológico e estas células endometriais são tiradas de circulação, são destruídas e, portanto, não há o desenvolvimento da doença. Lamentavelmente, ainda hoje, é um grande mistério o que determina que algumas mulheres apresentem esta capacidade e outras não.



Texto tirado do site: http://www.endometriose.com.br/, acessem para mais informações.




Pegadas na areia


Uma noite eu tive um sonho...

Sonhei que estava andando na praia com o Senhor,
E através do Céu, passavam cenas de minha vida.

Para cada cena que passava, percebi pegadas na areia;
Uma era minha e a outra do Senhor.

Quando a última cena de minha vida passou diante de nós,
olhei para as pegadas na areia,

Notei que muitas vezes no caminho da minha vida
havia apenas um par de pegadas na areia.

Notei também que isso aconteceu nos momentos mais difíceis
da minha vida.

Isso aborreceu-me deveras e perguntei então ao Senhor:

- Senhor, Tu me disseste que,
uma vez que eu resolvi Te seguir,
Tu andarias sempre comigo, todo o caminho,
- Mas notei que nos momentos das maiores atribulações do meu viver havia na areia dos caminhos da vida, apenas um par de pegadas.
- Não compreendo...
Porque nas horas em que eu mais necessitava Tu me deixastes?

O Senhor respondeu :
- Meu precioso filho, Eu te amo e jamais te deixaria nas horas da tua prova e do teu sofrimento.
Quando vistes na areia apenas um par de pegadas,
foi exatamente aí que
EU TE CARREGUEI EM MEUS BRAÇOS! 

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Sequelas psicológicas do aborto espontâneo

[center]Sequelas Psicológicas do Aborto Espontâneo
Sónia Pereira – Psicóloga Clínica
http://www.consultorio-psicologia.com [/[/center]b]




A gravidez é um momento especial na vida de uma mulher. Durante a gravidez, a mulher sonha com um bebé que é idealizado como um bebé perfeito. O nascimento torna o sonho realidade e é o momento em que a mãe ajusta as fantasias do bebé imaginado ao bebé real. 

Por vezes a gravidez não corre bem e surge um aborto espontâneo. A impossibilidade de conhecer um bebé que se amou muito pode ser um evento extremamente complicado para a mãe, o pai e a família. Quando ocorre a perda de um bebé, surge um período de dor e sofrimento que a mulher tentará ultrapassar. A perda de um filho é um processo de traumático ligado à perda de um objecto de amor.

Enfrentar e ultrapassar um aborto é uma tarefa que coloca em causa o equilíbrio psicossomático da mulher. A maioria das mulheres que sofre de aborto espontâneo consegue ultrapassar a perda, sem sofrer de perturbações psicológicas associadas. Mas o aborto pode ser bastante traumatizante, gerando perturbações psicológicas como a depressão e a ansiedade. Em casos extremos pode também gerar distúrbios como o Transtorno de Stress Agudo ou o Transtorno de Stress Pós-Traumático. A experiência traumática pode gerar também medos, que impedem algumas mulheres de tentar outra gravidez, pois querem evitar voltar a passar pelo mesmo sofrimento. 

As mulheres que sofreram aborto espontâneo são consideradas um grupo de risco e devem ser acompanhadas se existiram indícios de sequelas psicológicas desse aborto. Alguns dos sintomas apresentados neste artigo são normais no período inicial e fazem parte do processo natural de luto. No entanto, alguns destes sintomas permanecem durante muito tempo, afectando ou comprometendo o regresso à vida normal. Algumas mulheres sentem que jamais poderão ultrapassar a perda. Nestes casos, devem procurar ajuda, pois o diagnóstico e tratamento precoce destas perturbações aumenta as hipóteses de recuperação rápida e total. A mulher deve encontrar ajuda num técnico especializado, conhecedor do seu problema nas suas vertentes física e psicológica, que tenha disponibilidade, empatia, tempo e um espaço acolhedor e especialmente destinado para este efeito.

Desta forma, é essencial que se humanizem os cuidados de saúde, para que estes permitam a criação de espaços específicos para ouvir estas mulheres, e para que se formem técnicos para actuar eficazmente sobre esta forma de sofrimento tão particular. É imprescindível que o médico não trabalhe sozinho, que se desenvolvam equipas multidisciplinares, onde a colaboração de várias áreas da medicina e psicologia poderão produzir resultados mais animadores.

Efeitos Psicológicos do Aborto

O aborto espontâneo está associado a efeitos psicológicos negativos. Os sintomas podem ser agrupados em quatro categorias: estados emocionais, efeitos cognitivos, efeitos comportamentais e sintomas físicos:

- Estados Emocionais (Choque, culpa, raiva, ansiedade, depressão, isolamento);

- Efeitos Cognitivos (Pensamentos intrusivos acerca do feto, alucinações auditivas e visuais relacionadas com o bebé, sensação de movimentos fetais, dificuldades de concentração, dificuldades em tomar decisões, amnésia, fantasias sobre o feto);

- Efeitos Comportamentais (Dificuldade em adormecer, pesadelos, perda de apetite, abuso de substâncias, evitar hospitais, evitar conviver com mulheres grávidas e crianças);

- Sintomas Físicos (Sensação de estômago vazio, rigidez nos ombros, fadiga, transpiração excessiva).

Tal como já foi referido, muitos destes sintomas são normais logo após ter ocorrido o aborto espontâneo. Na maior parte dos casos, estes sintomas diminuem de intensidade e desaparecem naturalmente com o passar do tempo. Se os sintomas permanecerem, a mulher deve procurar ajuda especializada.

Transtorno de Stress Agudo e Transtorno de Stress Pós-Traumático

Tanto o Transtorno de Stress Agudo como o Transtorno de Stress Pós-Traumático são descritos como consequências da exposição a um evento traumático que gera emoções negativas e um determinado tipo de sintomas. Apesar de existirem ainda poucas investigações sobre esta temática, alguns autores defendem que pode existir uma relação próxima entre estas perturbações e alguns casos de aborto espontâneo. 

O Transtorno de Stress Agudo apresenta um conjunto de sintomas característicos após exposição a um evento traumático. A resposta ao evento pode envolver medo intenso, reviver o evento traumático, fuga a estímulos associados ao trauma e sonhos aflitivos recorrentes durante os quais o evento é reencenado. Estes sintomas envolvem um intenso sofrimento psicológico, que aumenta sempre que a pessoa é exposta a eventos que lembrem o evento traumático (como por exemplo aniversários do evento). Os estímulos e pensamentos associados ao trauma são permanentemente evitados. Por vezes ocorre também uma “anestesia emocional”, ou seja, uma responsividade diminuída ao mundo externo, diminuição de interesse em realizar actividades que anteriormente davam prazer, isolamento, diminuição da capacidade de sentir emoções, nomeadamente aquelas que implicam intimidade, ternura e sexualidade. Por vezes ocorrem insónias, pesadelos e irritabilidade. 

O Transtorno de Stress Pós-Traumático é semelhante ao Transtorno de Stress Agudo sendo a duração dos sintomas o factor que permite fazer o diagnóstico diferencial. Enquanto que o Transtorno de Stress Agudo tem uma duração mais curta (entre 2 dias a 4 semanas), o Transtorno de Stress Pós-Traumático prolonga-se por mais de 4 semanas.

Alguns estudos apontam para a existência de 10% de mulheres que sofrem de Transtorno de Stress Agudo e 1% com Transtorno de Stress Pós-Traumático após aborto espontâneo. 

É muito importante que o médico esteja atento a estes sintomas e que procure avaliar se existe ou não uma perturbação psicológica, como é o caso do Transtorno de Stress Agudo e o Transtorno de Stress Pós-Traumático. Nestes casos existem técnicas específicas de tratamento psicológico. A intervenção terapêutica vai procurar ajudar a mulher a olhar para o seu problema com uma nova perspectiva, para que consiga entender melhor a sua perda, reconhecê-la, aceitá-la e poder seguir a sua vida em frente.

Por esta razão, é muito importante que as mulheres que sofreram um aborto espontâneo tenham a oportunidade de ser submetidas a uma avaliação psicológica, para que seja possível a determinação das sequelas deste acontecimento, e seu tratamento caso se considere necessário.

Aceitar Uma Nova Gravidez
Podemos considerar que uma gravidez após um aborto espontâneo é uma gravidez de risco do ponto de vista psicológico. Existe neste caso um duplo desafio: a mulher é confrontada com o desconhecido e a mudança, que faz parte de qualquer gravidez, e também com o perigo e insegurança sobre a continuação da gravidez. Nestes casos, a mulher vai ter medo de reviver a situação traumática que ocorreu no passado. 

Muitas mulheres que sofreram de aborto espontâneo têm tendência para adiar uma nova gravidez, pois por vezes não se encontram preparadas psicologicamente para encarar uma nova perda.

A experiência de perda de um bebé vai ser determinante na forma como é encarada a hipótese de uma gravidez no futuro. Quando existiu uma gravidez que não teve um final feliz, a perspectiva de uma nova gravidez vai ser influenciada pelos sentimentos associados à primeira gravidez e pela forma como se resolveu e ultrapassou (ou não) esta perda. 

Quando o luto decorre de forma saudável, a perda é ultrapassada e a mulher tem oportunidade de criar um espaço de investimento emocional numa nova gravidez. O processo evolui, na maior parte dos casos, para uma readaptação e aceitação da situação de perda e ao ganho de um novo espaço para novos investimentos noutros objectos de amor. Mesmo quando este processo ocorre normalmente, é comum que surja um medo em engravidar novamente e passar pelo mesmo sofrimento. Quando surge uma nova gravidez, também é natural que surjam lembranças da gravidez anterior, mas isso não impede que o novo bebé seja investido pela mãe. Se surgirem momentos de grande ansiedade, estes devem ser partilhados com o médico e com a família, de modo a serem minimizados. 

Por vezes, surge também uma situação completamente oposta. Algumas mulheres tentam engravidar o mais depressa possível após o aborto espontâneo. Este investimento demasiado rápido pode ser o reflexo de uma tentativa de substituir a anterior gravidez que correu mal. Muitas vezes, esta gravidez surge como uma tentativa inconsciente de “ressuscitar” o filho que não chegou a nascer, sendo evidente nos casos em que o nome do novo bebé é o mesmo, deseja-se que o sexo do bebé seja o mesmo… Este desejo de substituição pode ser reflexo de uma negação em aceitar o aborto ocorrido no passado e, consequentemente, de o ultrapassar. Nestes casos, é importante dar tempo ao tempo.

Logo após confirmar que está novamente grávida, a mulher depara-se com sentimentos paradoxais. Por um lado aumenta novamente a sua esperança para ter um filho, mas por outro lado sente um intenso medo de voltar a passar por outro aborto espontâneo. Começa então a observar continuamente o seu corpo, procurando sinais de alarme. Esta situação é vivida com grande ansiedade, que aumenta à medida que se aproxima o tempo de gravidez em que ocorreu o anterior aborto.

Durante uma gravidez que ocorre após um aborto espontâneo, a mulher está hipervigilante e preocupa-se continuamente com a sua saúde e saúde do bebé. O médico deve conversar com a grávida e acalmá-la, transmitindo-lhe a sensação de controlo da situação.

É muito importante que a mulher seja ajudada por um técnico especializado a ultrapassar a sua ansiedade e a utilizar estratégias que a possam diminuir ou tornar mais suportável, pois sabe-se que a ansiedade está intimamente relacionada com problemas de gravidez e partos prematuros. As mulheres que sofreram de abortos espontâneos vivem a nova gravidez com sentimentos de pessimismo, procurando evitar vincular-se ao bebé, preparando-se inconscientemente para um novo fracasso. Esta atitude procura evitar o sofrimento, surgindo como uma defesa. No entanto, esta atitude não é saudável para uma vivência saudável da gravidez.

É importante ter em conta que é durante a gravidez que se inicia a relação mãe-bebé. Desta forma, ao sabermos que uma gravidez após um aborto espontâneo está associada a riscos do ponto de vista psicológico, temos que procurar salvaguardar a qualidade da relação mãe-bebé. A criação e promoção desta relação, livre de ansiedade, pessimismo e insegurança, vai prevenir perturbações futuras ao nível da vinculação. Poderemos assim criar condições que ajudem a mãe a viver calmamente o momento único da gravidez e assim promover a saúde mental da criança que vai nascer. 


Referências


American Psyquiatric Association (1994). Diagnostic and statistical manual of mental disorders (4th ed). Washington D.C.: APA.
Cozzarelli (1993). Personality, self efficacy and coping with abortion. In Journal of Personality and Social Psychology.
Keating & Seabra (1994). Luto e vinculação. In Análise Psicológica, 2-3 (XII): 291-300.
Stephen, B. & Cols. (2000). Acute and post- traumatic stress disorder after spontaneous abortion. In The American Academy of Family Physicians.



Texto tirado do site: http://www.clubedospais.pt/page.php?id=873